Quando se pensa em animação quadro a quadro ou stop motion, um nome sempre vem à mente: Ray Harryhausen.
Não há como negar a grande importância de Ray Harryhausen na propagação da animação stop motion enquanto técnica de cinema.
Infelizmente o grande mestre do stop motion não está mais entre nós, mas ele vive através de sua obra e seu legado.
Assim, neste artigo, vamos conhecer um pouco mais sobre a lenda do stop motion, Ray Harryhausen.
Quem foi Ray Harryhausen?
Ray Harryhausen nasceu em Los Angeles nos Estados Unidos em 29 de junho de 1920. Seu nome completo era Raymond Frederick Harryhausen e ele foi o maior expoente da animação quadro a quadro ou stop motion na indústria do cinema.
Formação e Inspirações Artísticas
Mas para entendermos a força criativa do grande mestre do stop motion, precisamos conhecer suas origens e o que o estimulou.
Harryhausen cresceu em Los Angeles e desde jovem teve uma grande paixão por arte, dinossauros, fantasia, mitologia e revistas de ficção científica.
Além disso, ele sempre teve em seu lar um grande estímulo criativo pois seus pais Fred e Martha sempre estimulavam sua imaginação.
Seus pais o levavam para assistir filmes, fazer visitas a museus de história natural de Los Angeles onde via esqueletos de dinossauros e outros animais pré-históricos.
No ensino médio teve aulas de artes manuais e dirigiu seus interesses em confeccionar marionetes e máscaras de látex.
Durante todo período em que desenvolvia seu interesse em stop motion, Harryhausen fez cursos de desenho e escultura no Arts Center em Los Angeles.
Dessa forma, á medida que foi passando de adolescente à adulto, ele fez cursos de edição de filmes, direção de arte em aulas noturnas na USC (University of South California).
Quando terminou o serviço militar, teve aulas noturnas no Art Students em New York por 6 meses.
Seus famosos desenhos conceituais dos seus filmes foram muito inspirados por Gustave Doré.
Desenho Conceitual de Ray Harryhausen à esquerda e arte de Gustave Doré à direita
E uma de suas maiores influências em termos de visual de dinossauros foram as pinturas de Charles Knight.
Dinossauro de Ray Harryhausen à esquerda e arte de Charles Knight à direita
Filmes que Inspiraram Harryhausen
‘O Mundo Perdido’ (1925)
O filme mudo “O Mundo Perdido” (The Lost World) de 1925, é baseado no romance de Sir Arthur Conan Doyle com efeitos de stop motion criados por Willis O’Brien.
Os pais de Harryhausen o levaram aos 5 anos de idade para assistir a primeira versão cinematográfica de “O Mundo Perdido”, filme do diretor Harry Hoyt.
Nesse filme que foi o primeiro longa a ter dinossauros animados com a técnica de stop motion, Ray pôde ver pela primeira vez o trabalho de stop motion do homem que seria seu mentor e o inspiraria para sempre, Willys O’Brien.
Willis O’Brien animando dinossauro para o filme ‘O Mundo Perdido’
Ray pediu para conhecer de perto os dinossauros e seus pais lhe explicaram que eles não existiam de verdade, apenas nos livros e filmes.
Dessa maneira, estimulado pelo filme, Ray começou a fazer experimentos com papel machê que foi ensinado por sua mãe.
‘King Kong’ (1933)
Em 1933, Ray ficou impressionado por um cartaz com a imagem de um gorila gigante em cima do Empire State Building.
Por sorte, sua tia tinha conseguido ingressos para o filme e então com 13 anos, Ray com sua tia e mãe foi levado para assistir ao filme no Grauman’s Chinese Theater in Hollywood na California.
Aqui, os efeitos de stop motion do gorila e de outras criaturas foram feitos novamente por Willis O’Brien. O filme foi a grande obra-prima do mestre O’Brien.
King Kong mudou para sempre a vida de Ray e depois que ele saiu do cinema ele nunca mais foi o mesmo. Ele ficou muito curioso em saber como as criaturas foram feitas e movimentam no filme, mas na época tinha muito pouca informação de como o filme foi feito.
Assim, o filme o estimulou a fazer experimentos com marionetes, mas ele não ficou satisfeito pois não parecia com o que ele tinha visto no cinema.
Ele fez alguma pesquisa sobre como King Kong foi feito em algumas revistas e descobriu que tinha sido usada a técnica de stop motion. Mas por sorte, O Museu de Arte do Condado de Los Angeles (Los Angeles County Museum of Art) teve uma exibição sobre os filmes “O Mundo Perdido” e “King Kong”.
Esta exibição o ajudou a descobrir como a arte de stop motion foi realmente usada. Isto o inspirou a começar a fazer dioramas e bonecos.
Primeiros Trabalhos Amadores
Inspirado pelos filmes do mestre Willis O’Brien, Ray começou a fazer experimentos com stop motion na garagem de seu pai. Depois seu pai construiu o que Ray chamou de “casa de hobby” para acomodar suas crescentes habilidades.
‘The Cave Bear’
Ray começou fazendo bonecos de um urso da caverna, de um brontossauro e de um estegossauro e usou uma filmadora Victor de 16 mm para filmar suas animações.
Primeiro, ele fez um urso da caverna coberto com o casaco de pele de sua mãe. Depois fez um brontossauro coberto com pedaço de meia-calça de sua mãe e uma camada de látex líquido.
Ray fez os esqueletos ou armações dos bonecos usando madeira que não permitia uma animação mais realista e sua câmera também não tinha a capacidade de filmar quadro a quadro. Mas estas limitações não desanimaram o jovem Ray em seus experimentos.
À medida que foi experimentando, ele conseguir depois comprar luzes e uma outra filmadora, uma Kodak Cine II que já possuía a capacidade de filme quadro a quadro.
Isto permitiu Ray aprender sobre stop motion realmente praticando no seu próprio ritmo e tentando replicar o que ele via nas telas de cinema.
‘The Cave Bear’ e outros testes feitos por Harryhausen
‘Evolution’
Neste curta “Evolution”, Ray mostrava a sua ideia do processo de evolução inicial da Terra, um projeto enorme e ambicioso para um adolescente.
Ray filmou com filme de 16mm e pensou que poderia conclui-lo em 1 ano ou menos. No entanto ficou inacabado pois após assistir o filme da Disney “Fantasia”, ele abandonou seu curta porque era similar ao seu.
O curta ‘Evolution of the World’ de Harryhausen
‘Jupiterian’
O jovem Ray fez também um teste de animação, “Jupiterian”, mostrando um alienígena do planeta Júpiter atacando navios, pessoas e animais pré-históricos, como um mamute.
Para o mamute, Ray usou um boneco que tinha sido feito para o “Evolution of the World” mas que não chegou a ser usado na época. O boneco do mamute também tinha partes do casaco de pele de sua mãe. E uma das vítimas do alienígena foi um amigo de escola.
Apenas um minuto de filmagem de teste foi feito com filme de 16 mm colorido.
Esse filme teve uma foto de produção numa revista chamada “Popular Science Magazine” e trouxe seu primeiro reconhecimento público.
Aos poucos a animação stop motion estava passando de um hobby para virar uma profissão.
Trechos de ‘Jupiterian’ e outros curtas de Harryhausen
Encontro com seu Grande Mentor Willis O’Brien
Ray conheceu Willis O’Brien em 1939 então com cerca de 18 anos de idade depois que um colega de sala o encorajou a contactá-lo pelo telefone. Ray disse que gostava de animação e animais pré-históricos e então O’Brien pediu para visitá-lo em sua casa com seus trabalhos.
O Jovem Ray Harryhausen levou uma mala com alguns bonecos que tinha feito a fim de mostrar seu trabalho e assim conseguir alguma orientação do mestre de stop motion da época.
Ray mostrou um boneco de estegossauro que ele tinha feito e com o qual ganhou o segundo lugar num concurso no Museum de Los Angeles.
O’Brien segurou o dinossauro e girou-o em suas mãos e disse: “As pernas parecem salsichas enrugadas. Você deve se esforçar para estudar anatomia e aprender onde os músculos se conectam nos ossos”.
O jovem Ray na época ficou um pouco arrasado depois desse comentário ainda mais vindo do seu grande herói, mas posteriormente Ray disse que foi o melhor conselho que ele recebeu do seu grande inspirador e mestre.
Foi por causa desse conselho que Ray frequentou a Los Angeles City College (LACC) para refinar suas habilidades artísticas e depois estudou cinema em aulas noturnas na University of Southern California (USC).
Primeiros Trabalhos Profissionais
‘Puppetoons’
Em 1938, Harryhausen conseguiu seu primeiro trabalho de animação de stop motion, trabalhando para o produtor George Pal em episódios de “Puppetoons”.
“Puppetoons” era uma série de curtas-metragens usando bonecos animados por um tipo de stop motion.
O processo usado em “Puppetoons” era um pouco mais limitado, pois era muito usada a técnica de “Animação de Substituição” (Replacement Animation) em que bonecos são mais estáticos e substituídos por um outro numa outra pose.
Esta técnica limitava a criatividade do animador. Assim, depois de 2 anos e doze episódios, Ray saiu de “Puppetoons”.
‘Guadalcanal’
A Segunda Guerra Mundial interrompeu a carreira de Ray mas não seu desenvolvimento profissional.
Assim, Harryhausen durante o tempo em que participou do serviço militar em 1942 na Segunda Guerra Mundial, ele trabalhou com o diretor Frank Capra em filmes de propaganda e de treinamento de tropas.
Em “Guadalcanal -Filme Informacional em Três Dimensões”, Ray demonstrou o potencial instrutivo da animação stop motion.
‘Guadalcanal’ de Harryhausen
‘Contos da Mamãe Gansa’
Em 1946, depois que foi dispensado do serviço militar, Harryhausen começou a trabalhar numa série de curtas infantis usando stop motion: “Contos da Mamãe Gansa” (The Mother Goose Stories).
Assim, nesse projeto seus pais tiveram importante participação. Seu pai construiu as armações ou “esqueletos” dos bonecos enquanto sua mãe costurou as pequenas roupas deles.
Apesar das histórias serem narradas e não terem diálogos, Ray usou a “Técnica de Faces Removíveis” para criar as expressões dos bonecos. Ele usou cerca de 10 cabeças para cada boneco com diferentes expressões faciais.
Inicialmente, ele filmou 4 estórias em 8 semanas: “Little Miss Muffet”, “Humpty Dumpty”, “Old Mother Hubbard” e “The Queen of Hearts”.
Em 1949 após terminar o “Poderoso Joe”, retornou às histórias infantis e fez “A História do Chapeuzinho Vermelho” (The Story of Little Red Riding Hood)
Além disso, em 1950, Ray fez “A História de João e Maria” (The Story of Hansel and Gretel), seguido de “A História de Rapunzel” (The Story of Rapunzel) que se provou ser mais desafiador que seus crutas antecessores.
Depois de completar “A História do Rei Midas” (The Story of King Midas), Ray iniciou seu próximo curta “A Tartaruga e a Lebre” (The Tortoise and the Hare). Mas após fazer apenas cerca de 4 minutos, Ray abandonou o projeto para iniciar o trabalho num longa-metragem (“O Monstro do Mar”).
‘Contos da Mamãe Gansa’ de Harryhausen
‘Poderoso Joe’
Em 1947, Ray recebeu a ligação do seu grande inspirador e mentor Willis O’Brien para participar de seu novo projeto: “Poderoso Joe” (Mighty Joe Young) sobre um gorila enorme no estilo de King Kong.
Ray fez cerca de 85% da animação do filme e em 1949. Ele frequentou zoológicos para estudar os movimentos de gorilas.
Além disso, muitas vezes Ray ensaiava como se fosse o gorila para uma determinada cena, cronometrando o tempo da ação. Depois transferia para o boneco o que tinha treinado. Muito da personalidade do Gorila (que esmurrava o chão quando nervoso) veio da genialidade de Harryhausen.
Assim, por causa da incrível animação, tecnicamente superior ao King Kong de 1933, o filme foi vencedor do Oscar de Efeitos Especiais em 1948.
‘The Animal World’
“The Animal World” é um documentário de 1956 que foi produzido, escrito e dirigido por Irwin Allen. O filme tinha uma sequência de 10 minutos de dinossauros em stop motion.
Irwin Allen pediu que Ray se juntasse a Willis O’Brien no seu documentário.
O’Brien foi o supervisor de animação e Harryhausen o animador e fizeram a sequência em 8 semanas.
‘The Animal World’ com animação stop motion de Harryhausen
As Grandes Obras de Ray Harryhausen
‘O Monstro do Mar’ (1953)
Crédito: Warner Bros.©
Harryhausen fez a animação stop motion do filme “O Monstro do Mar” de 1953 (The Beast from 20,000 Fathoms) cujo roteiro teve como base uma história de seu amigo de adolescência Ray Bradbury.
Este filme provou ser o início da sua “Técnica de Imagem Dividida” (Split-screen Matte Technique) que depois foi denominada por ele de “Dynamation”.
Além disso, esta técnica já era usada há muito tempo no cinema mas Ray a refinou e a deixou mais acessível para filmes de baixo orçamento.
Na técnica Dynamation, primeiro se filmava a cena com pessoas reais que vão ficar em primeiro plano e depois se filmava a cena de fundo com os bonecos de stop motion e em seguida as duas eram combinadas, juntando pessoas com bonecos.
‘O Monstro do Mar Revolto’ (1955)
Crédito: Columbia Pictures©
“O Monstro do Mar” fez o produtor Charles Schneer convidar Ray para participar de seu filme “O Monstro do Mar Revolto” (It Came from Beneath the Sea).
Charles estava trabalhando num projeto da Columbia Pictures sobre um polvo gigante que destrói São Francisco e a Ponte Golden Gate. Esse o foi o início de uma duradoura e valiosa parceria na carreira de Ray Harryhausen.
Assim, por ser um filme de baixo orçamento, Ray teve a ideia de fazer somente 6 dos 8 tentáculos a fim de economizar tempo e dinheiro. Como sempre a criatura ficar abaixo da superfície da água esta mudança fica subentendida.
‘A Invasão dos Discos Voadores’ (1956)
Crédito: Columbia Pictures©
“A Invasão dos Discos Voadores” (Earth vs. the Flying Saucers) de 1956 foi o próximo filme de Ray e Schneer.
Ray usou stop motion não só para animar os discos voadores como também para animar as cenas de destruição com destroços.
Dessa forma, foi nesse filme que Ray fez a famosa cena de colisão de um disco voador com o obelisco do O Monumento a Washington e com a cúpula do Capitólio. Ray animou manualmente cada pedaço dos destroço das construções.
‘A 20 Milhões de Milhas da Terra’ (1957)
Crédito: Columbia Pictures©
“A 20 Milhões de Milhas da Terra” de 1957 (20 Million Miles to Earth), mais um clássico da dupla Schnner/Harryhausen.
No filme, um alienígena de Vênus, Ymir, foi trazido acidentalmente a Terra em Roma.
A criatura, trazida para terra ainda como uma espécie de embrião, vai crescendo rapidamente, até se tornar ameaçadora, trama muito comum do cinema catástrofe de horror e ficção científica da década de 1950.
Ray originalmente imaginou a criatura como sendo um ciclope, mas acabou mudando para uma aparência mista humano-lagarto.
O filme tem um roteiro mais elaborado, mostrando no início uma criatura ingênua que após ser hostilizada pelos humanos passa então a ameaçá-los. Novamente ele combinou imagens de pessoas reais com a criatura e o filme fez sucesso na época.
‘Simbad e a Princesa’ (1958)
Crédito: Columbia Pictures©
“Simbad e a Princesa” de 1958 (The 7th Voyage of Sinbad) foi fruto novamente da parceria de Schnner e Harryhausen e muda o foco do cinema catástrofe para a fantasia.
A ideia do filme veio de Harryhausen após mostrar a Schnner um desenho conceitual de um homem lutando contra um esqueleto. Esse desenho serviu também para vender o projeto aos produtores e permitindo assim realizar o filme.
Desenho Conceitual de Harryhausen para ‘Simbad e a Princesa”
No filme, Ray deu vida a criaturas fantásticas como o Ciclope, o Dragão e uma sequência de luta entre o herói e um esqueleto dominado por magia, tudo encantado com a trilha sonora de Bernard Herrmann, o compositor favorito de Alfred Hitchcock. Para animar o esqueleto, Ray frequentou aulas de esgrima.
Além disso, foi nesse filme que Harryhausen cunhou o termo “Dynamation”, em que combinava de forma incrível pessoas com criaturas de stop motion em cores.
‘As Viagens de Gulliver’ (1960)
Crédito: Columbia Pictures©
Depois do sucesso de “Simbad e a Princesa”, Schneer e Harryhausen passaram a produzir os filmes seguintes na Inglaterra, para aproveitar os custos mais baratos de produção.
Dessa forma, o próximo trabalho da dupla foi “As Viagens de Gulliver” de 1960 (The 3 Worlds of Gulliver) baseado na obra infantojuvenil de Jonathan Swift.
Este filme tinha menos animação stop motion mas uma variedade grande de efeitos especiais. Ele aperfeiçoou a Técnica de Perspectiva Forçada para criar as cenas de Gulliver com os pequenos habitantes de Lilliput.
‘A Ilha Misteriosa’ (1961)
Crédito: Columbia Pictures©
“A Ilha Misteriosa” de 1961 (Mysterious Island) foi produzido por Schnner depois que descobriu que o livro de Julio Verne era o mais lido nas bibliotecas da época.
Com a trilha musical de Bernard Herrmann e os efeitos de stop motion de Ray Harryhausen, o filme conquistou o público na época.
Ray criou seres gigantes como caranguejos e abelhas e os combinou com pessoas reais em mais um clássico de Dynamation. Inclusive Ray usou um exoesqueleto verdadeiro para fazer o caranguejo gigante, criando para isso as articulações internas que permitiriam a animação.
‘Jasão e o Velo de Ouro’ (1963)
Crédito: Columbia Pictures©
“Jasão e o Velo de Ouro” de 1963 (Jason and The Argonauts) mergulhou na mitologia.
O filme demorou 3 anos para finalizar devido à complexidade de criaturas e Ray tinha que trabalhar de madrugada para garantir que a luz do estúdio fosse constante.
O filme entregou cenas inesquecíveis como a Hidra de várias cabeças e a batalha entre três Argonautas e sete esqueletos espadachins. Para esta luta contras os esqueletos, Ray animava cerca de meio segundo por dia e precisou de 4 meses e meio para concluí-la.
No entanto, somente depois de muitos anos após o lançamento o filme que passaram a aclamá-lo como um clássico do gênero.
‘Os Primeiros Homens na Lua’ (1964)
Crédito: Columbia Pictures©
O próximo filme de Ray e Schnerr foi “Os Primeiros Homens na Lua” de 1964 (The First Men in the Moon) baseado no conto de H. G. Wells.
Neste filme, Ray projetou e animou em stop motion criaturas incríveis como os Selenitas, seres humanoides em formato de formiga.
Entretanto, apesar de o filme não ter feito sucesso, o filme continua sendo um clássico de muitos fãs de ficção científica.
‘Mil Séculos Antes de Cristo’ (1966)
Crédito: Hammer Films©
O próximo filme foi o único que foi feito sem a parceria do seu amigo Schneer desde a década de 1950: “Mil Séculos Antes de Cristo” de 1966 (One Million Years B.C.)
O filme contava com a atriz Rachel Welch e foi produzido pela Hammer Films, famoso estúdio britânico por produzir os filmes de Drácula de Christopher Lee.
No filme, Ray fez a animação de dinossauros e outros animais, combinando seres pré-históricos de épocas diferentes om humanos.
‘O Vale de Gwangi’ (1969)
Crédito: Warner Bros.©
Em “O Vale de Gwangi” de 1969 (The Valley of Gwangi), Harryhausen retorna a parceria com seu amigo produtor, Charles Schneer. Ray decidiu realizar um projeto antigo de 1942 do seu mestre O’Brien que nunca saiu do papel.
“O Vale de Gwangi” misturou faroeste e com dinossauros, dois temas muito populares na época.
A cena dos cowboys laçando Gwangi, o Alossauro, foi um grande feito de Dynamation de Harryhausen.
Infelizmente, mudanças nos proprietários da Warner Brothers prejudicaram a divulgação e o lançamento do filme nos cinemas.
No entanto, muitos consideram o filme como um dos mais respeitados filmes de dinossauros já feitos.
‘A Nova Viagem de Simbad’ (1974)
Crédito: Columbia Pictures©
Em “A Nova Viagem de Sinbad” de 1974 (The Golden Voyage of Sinbad), Schnner e Harryhausen retornam ao reino da fantasia de Simbad.
O filme consagrou novamente a técnica de Dynamation e mostrou cenas incríveis como a luta contra a Deusa de seis braços Kali e o duelo do Grifo e um Centauro ciclope, seres de mitologias diferentes.
‘Simbad e o Olho do Tigre’ (1977)
Crédito: Columbia Pictures©
“Simbad e o Olho do Tigre” de 1977 (Sinbad and the Eye of the Tiger) foi o penúltimo filme de Harryhausen.
Infelizmente o filme tinha um orçamento muito reduzido em comparação com os dois anteriores mas mostrou cenas incríveis como a luta entre um troglodita e um tigre-dentes-de-sabre.
Harryhausen frequentou zoológico para analisar como os tigres se movimentam e incorporou o aprendizado na animação do tigre-dentes-de-sabre.
‘Fúria de Titãs’ (1981)
Crédito: MGM©
“Fúria de Titãs” de 1981 (Clash of the Titans) finalizou a carreira de Harryhausen.
Ray se despediu entregando cenas marcantes como a do cavalo alado Pégaso, o cão de duas cabeças, escorpiões gigantes e a aterrorizante aparição da Medusa.
Dessa maneira, o filme marcou fechou com chave de ouro uma era de filmes de fantasia, de mitologia, de aventura para a família.
Aposentadoria
Quando “Fúria de Titãs” estreou, Ray já tinha 61 anos. Ele já tinha trabalhador com animação quadro a quadro desde sua adolescência e agora passou a usar seu tempo mais com sua família e amigos.
Assim, muitas de suas obras como desenhos, armações, moldes estão em museus da Europa para inspirar futuras gerações.
Oscar e Legado
Em 1992, Ray Harryhausen recebeu um Oscar por contribuições tecnológicas para a indústria do cinema.
Dessa forma, o prêmio foi entregue pelo seu amigo de adolescência Ray Bradburry.
Ray Harryhausen recebe o Oscar em 1992
Após a entrega do prêmio para Harryhausen, o apresentador e ator Tom Hanks disse para o público: “Algumas pessoas dizem que é Casablanca ou Cidadão Kane..Eu digo que Jasão e o Velo de Ouro é maior filme já feito!”
Infelizmente, em 7 de maio de 2013 a família de Harryhausen anunciou a sua morte através do Twitter e Facebook. O mundo perdia o maior mestre do Stop Motion da história do cinema.
As criações de Ray Harryhausen fascinaram crianças até a vida adulta durante meio século e influenciaram gerações de artistas dos efeitos especiais do cinema.
Além disso, o trabalho de Ray Harryhausen é reverenciado por diretores como Steven Spielberg, George Lucas, Tim Burton e James Cameron.
Hoje, Ray Harryhausen e suas criações são figuras lendárias.
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